segunda-feira, novembro 20, 2006

O Brasil não foi campeão brasileiro.




Por Aletheia Laranjeiras


Taí. Não precisava tanto campeonato para saber quem seria o campeão.A justiça foi feita com o São Paulo campeão.Boas contratações, bela estrutura e pagamento em dia, receita de sucesso.

Mas quem disse que futebol e Justiça devem andar de mãos dadas? Quem diz isso não sabe que a razão não pertence a este universo, chamado futebol. E emoção é o que falta neste modelo de campeonato “por pontos corridos”. Acho que não sou a única à sentir saudades das finais, que promoviam emoção.

Burocrático futebol. Nos tempos da super-profissionalização, adequada à ânsia de lucro dos negociantes de qualquer coisa nesta época neo-liberal, o futebol brasileiro segue a receita do modelo econômico, que despersonaliza para manter tudo como está.

“Estádios pequenos”, clamam os novos arquitetos liberais, cadeiras numeradas na arquibancada que mutila o pulo da emoção de mais um gol. Elitizar o futebol para manter o povo defronte da TV, pois este, o povo, é o responsável pela bagunça e violência que vitimiza os estádios. É a balela que se repete na imprensa. A sociedade que criminaliza a pobreza repete seu modelo para o futebol.

A violência nos estádios é reflexo da violência na sociedade como um todo. Aliás, nobres Antropólogos, o futebol é o melhor recorte existente para entendermos o mundo em que vivemos. Resolver o drama provocado pelas torcidas organizadas, é resolver tantas outras frustrações carregadas por todos que vêem na violência, a porta da visibilidade-sucesso estimulada pela mídia, ou a luta pelo poder, do qual os jovens estão alijados no processo político (ascéptico e burocrático). Estas “organizadas” furiosas, não passam de grupos fascistas, que só têm espaço em sociedades excludentes, como em toda sociedade capitalista.

Intelectuais orgânicos do futebol-negócio, jornalistas e palpiteiros, parecem terem sido gestados dentro da FIESP. Burocráticos, ascépticos, bem arrumados, a vanguarda paulista atribui seriedade de mais (razão em excesso) para satisfazerem anunciantes.

Deixem que a simplicidade tome conta daquilo que é simples, como o futebol é. A essência do jogo de bola é a satisfação da emoção, tão ausente atualmente. O povo quer a emoção de uma grande final, o inesperado de um time de pequeno porte na final, e isso não é possível em um modelo de campeonato como este.

São tão europeus os mandatários e jornalistas que produzem as regras do pensar e do fazer no jogo de bola. Campeonato com 20 ou 18 clubes é possível em um país que não possui dimensões continentais.Que se diga a verdade: campeonato brasileiro com 18 clubes é para satisfazer a TV e os bilhões em lucro obtidos com este modelo.

Gostaria de ver de novo uma final de campeonato brasileiro.Gostaria de um campeonato com número de clubes verdadeiramente representativo. Futebol brasileiro do tamanho da paixão que temos por este esporte.